Está enganado quem pensa que o cigarro eletrônico não é nocivo ou causa menos danos para a saúde do que o cigarro comum.
Conhecidos como vaporizadores, vapes, pod, e-cigarros, e-cigs, e-cigarretes e pen drive, os cigarros eletrônicos são considerados mais tecnológicos e com melhor aroma do que os cigarros convencionais, atraindo novos consumidores, principalmente os jovens.
“Inicialmente, o cigarro eletrônico foi pensado para reduzir o consumo e ajudar na atitude de cessar o tabagismo. Como contém uma fórmula à base de nicotina, o objetivo era fornecer a substância que causa a dependência, porém sem a associação com outras inúmeras substâncias que podem causar câncer”, esclarece Dr. Ricardo Mai, cirurgião de cabeça e pescoço.
Estudos mais recentes realizados pelas Universidades Federais de Minas Gerais (UFMG) e Pelotas (UFPel) indicam que uma em cada cinco pessoas entre a faixa etária de 13 a 24 anos já experimentou pelo menos uma vez o aparelho. Em total, a Associação Médica Brasileira (AMB) estima 650 mil usuários, apesar da comercialização ser proibida desde 2009 no Brasil.
Os dispositivos são compostos, em geral, por uma lâmpada de LED, bateria, microprocessador, sensor, atomizador e um cartucho de nicotina líquida. A partir do aquecimento do líquido, é produzido um aerossol a ser inalado pelo usuário.
Porém, enquanto um cigarro “tradicional” tem no máximo um miligrama de nicotina (por regulamento da Anvisa), os cigarros eletrônicos costumam ter uma quantidade muito maior, já que são vendidos ilegalmente e, portanto, sem fiscalização apropriada. Isso contribui para a alarmante rapidez e intensidade com que a dependência se instala nos usuários desse tipo de fumo.
“Por ser relativamente novo, não se sabe ao certo o potencial carcinogênico dos cigarros eletrônicos. Estudos mostram que os riscos de câncer, incluindo o câncer de boca e o câncer de laringe, são maiores com o uso do cigarro tradicional do que do cigarro eletrônico, mas isso não torna o dispositivo eletrônico um hábito seguro”, destaca Mai.
Além de causar dependência, a intoxicação pelo cigarro eletrônico é mais rápida. Também existe a possibilidade de explosão do aparelho. Outros malefícios equivalem ao cigarro convencional. A taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares, por exemplo, é semelhante.
“Os órgãos reguladores americanos, europeus e a Organização Mundial de Saúde (OMS) são claros em dizer que o cigarro eletrônico não deve ser usado por pessoas que não fumaram previamente e por jovens”, reforça Mai.
Dados da OMS apontam que o tabagismo mata mais de 8 milhões de pessoas por ano. Só no Brasil, são 161.853 mortes anuais, o que representa 443 mortes por dia.
É importante ressaltar que essas mortes são evitáveis. O tabaco é uma dependência química e o caminho para uma vida mais saudável é a busca por tratamento.